domingo, 26 de abril de 2009

Genealogia

É tudo culpa do Rui Barbosa!

Pois que está dito que Antônio Rodrigues Vicente, nosso bisavô, envolveu-se, ainda jovem, na campanha presidencial do candidato Rui Barbosa.

O resultado do pleito foi uma vitória de lavada imposta pelo Marechal Hermes da Fonseca. Assim, em 1910, Antônio Rodrigues Vicente (vovô Tonico) se viu obrigado a reunir a prole, abandonar a cidade de Tocantins e adentrar no Vale do Rio Doce para desbravar a região de Mutum e Aimorés.

Os novos grileiros ocuparam a região da Serra das Cinzas e prosperaram, principalmente em número. É bem verdade que por lá já viviam muitos parentes da família de Tonico, mas a nova ocupação acabou deixando a Serra das Cinzas conhecida também pela alcunha de Serra dos Rodrigues.

Entre outros causos, é ilustrativo dos reveses que esta familia enfrentou, bem como nos proporciona uma figura do espírito deste povo, o fato que aqui passo a narrar.

Foi que em numa noite de tempestade a familia dos Rodrigues se reuniu, com vários de seus membros, na casa de seu patriarca (Tonico) para juntos enfrentarem o infortúnio daquela intempérie.

Tio Luis (seu nome não trago como certo na minha memória) que já havia se estabelecido em sítio bem próximo, também por lá se refugiou. A casa-sede da família era com certeza a mais bem preparada para suportar o vento e o aguaceiro. Com vários quartos e cômodos amplos, a casa era provida na sua sala principal de uma grande mesa de madeira, esta provavelmente extraída da agora extinta mata atlântica (vai que o Ibama lê essa histôria...).

A chuva foi inclemente e não teve nenhuma piedade do telhado de plaquetinhas de madeira da casa principal e simplesmente a destelhou por completo num único tufão.

Teto pelos ares... e vovó Adelina mais que depressa reuniu todos os membros da familia a abrigá-los sobre a grande mesa da sala. Comprimidos naquele refúgio mínimo colocaram-se todos a rezar sobre o comando de Adelina. Mas a chuva se prolongou além das contas do terço e as lamúrias e o desespero já tomava conta da familia.

Foi Luis que puxou o coro das lamentações:

"- Meu Deus, eu que sou ainda tão jovem, mal dei conta de iniciar a construção do meu ranchinho... como pode minha vida ser reduzida dessa forma? Ah, Meu Deus, me dê pelo menos mais uns dois anos pra poder ajeitar minhas coisas..."

O patriarca Tonico se exasperou imediatamente com o pleito de Luis:

"- O rapaz... nos aqui vivendo esta situação e você rosolve me pedir somente 2 anos de prazo?"

Pois acreditem que assim me foi narrado. E mais: João, também filho de Tonico e futuro Pai de Alyrio, assim que atingiu idade para cuidar de sua própria vida, abandou o convívio dos Rodrigues em sua Serra próxima a Mutum e bateu-se para Piraúba, pois que lá também moravam mais tios, todos Rodrigues, que se dedicavam ao cultivo e ao comércio do café.

Neste ponto a narrativa chegou a uma impasse ainda não resolvido. É que João, chegando em Piraúba, arrumou de casar-se com a avó de Alyrio.

Alyrio reafirmou e confirmou o fato repetidas vezes no pequeno espaço de 10 min. Retomou a história desde seu início de forma a esclarecer o possível equívoco. Mas não teve jeito. Quando chegava em Piraúba João casava-se novamente a avó de Alyrio.

Não escondeu se sentir sobre o assunto. A confusão pode ter sido estabelecida pelo joelho de porco que ele tinha comido, ou pelas doses de martini+cachaça que já íam aí sabe-se lá em quantas, ou quem sabe, ainda, pelo cansaço da longa narrativa que o obrigou a ficar acordado por mais de 4 horas contínuas. E comendo joelho de porco.

Eu já estou acreditando que a confusão se origina mesmo no seio desta peculiar família cuja história tem sido guardada do conhecimento público.

Nos resta aguardar a elucidação dos fatos num momento em que Alyrio estiver menos possuído por efeitos nebuliantes. Talvez possamos ouvir causos do Tio Jaca e continuidade da saga dos Rodrigues.

Aguardemos com paciência.

Ari.

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